A inteligência artificial (IA) é, sem dúvida, o tema mais "hypado" do momento, mas mais do que um mero "hype" ou uma "onda", os especialistas a descrevem como um tsunami. Essa metáfora se justifica pela forma como a IA está impactando simultaneamente, com vasta abrangência e velocidade sem precedentes, todos os aspectos de nossas vidas e negócios. Ao contrário da internet ou das redes sociais em seus inícios, a IA já veio "trazendo um resultado enorme" para quem a aplica no dia a dia, provando que não é hype, muito pelo contrário.
Uma das maiores discussões sobre a IA é seu impacto no mercado de trabalho. Há quem preveja um cenário apocalíptico de desemprego em massa. Contudo, a visão mais predominante entre os especialistas é a de empoderar essas pessoas com inteligência artificial para que elas possam produzir mais e melhor. Trabalhos repetitivos e de baixa complexidade, como a transcrição ou o atendimento básico, já estão sendo "sucatizados" e tenderão a desaparecer. Por outro lado, para tarefas mais complexas, a IA atua como uma ferramenta para potencializar a capacidade humana, exigindo que os profissionais se desenvolvam mais para ficarem melhores naquilo que estão criando.
A chave para o uso eficaz da IA em tarefas complexas reside na quantidade de contexto que se fornece à máquina. Um desenvolvedor com vasto contexto em sistemas, por exemplo, usará a IA de forma muito mais poderosa do que alguém sem esse conhecimento. É nesse ponto que a expertise humana se torna crucial: ela não é substituída, mas sim exponencializada pela IA.
A transição para um mundo impulsionado pela IA, no entanto, é vista como uma "curva J": os primeiros movimentos que estamos testemunhando são os piores, com notícias de "sucatização" de trabalhos e demissões, especialmente em áreas como call centers. Empresas pioneiras já estão reduzindo equipes significativamente, realocando ou dispensando pessoal. Contudo, a expectativa é que essa fase inicial difícil dê lugar a um crescimento exponencial no longo prazo, com o surgimento de novas ocupações e uma adição substancial de riqueza à humanidade.
Diante desse cenário, há uma divisão entre otimistas e pessimistas. Os otimistas acreditam que a IA vai roubar em 5 anos metade do nosso trabalho, mas no sentido de que teremos a mesma eficiência em metade do tempo, liberando-nos para outras atividades. Eles veem a IA como uma "bênção" que veio para devolver a nossa humanidade, permitindo-nos focar na abstração, no pensamento crítico e nas interações humanas, como a empatia. Em contraste, os pessimistas preveem ociosidade e depressão.
Para os empreendedores, a mensagem é clara: a IA deve ser usada como escada e não como muleta. O grande problema do ser humano hoje, segundo os especialistas, não é a IA, é a vontade de se adaptar e aprender. É fundamental estar atualizado, ter repertório e a humildade de ter escuta ativa. A democratização da IA é um fato irreversível, tornando-a acessível a todos, e o que substituirá os humanos será a inércia perante a IA, e não a tecnologia em si.
A era atual exige uma "migração cognitiva" e uma revolução empreendedora. As pequenas empresas e startups têm uma vantagem enorme, pois a leveza é a nova força, permitindo que improvisem, mudem e se adaptem muito mais rápido do que as grandes corporações. É preciso pensar grande, pois a IA e a tecnologia recente eliminaram as barreiras físicas e financeiras, restando apenas a barreira mental.
Olhando para 2030, a expectativa é um mundo essencialmente parecido na forma, mas diferente na essência. A sociedade será mais equalizada, e a principal divisão será entre "curiosos e descuriosos". Existe a possibilidade de que, em breve, já não sejamos a espécie mais inteligente no planeta, com a inteligência se tornando uma commodity. Veremos o retorno do metaverso e a crescente popularização da robótica.
A mensagem final é de ação e adaptabilidade. É crucial estudar e testar a IA, buscando sempre tangibilizar a inteligência artificial no seu dia a dia resolvendo pequenos problemas. Para as empresas, é fundamental adotar uma mentalidade "AI first" e impregnar a IA em todas as camadas do negócio, desde a decisão estratégica até a execução. Acima de tudo, não permita que as incertezas do futuro te causem ansiedade; em vez disso, aproveite a vida, ame as pessoas e estude, pois a IA está aqui para nos impulsionar, não para nos parar.