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Construir um aplicativo web de sucesso pode parecer uma tarefa monumental, repleta de burocracia, prazos longos e uma lista interminável de recursos. No entanto, a Basecamp, criadora de produtos amplamente utilizados como o Basecamp e o Ruby on Rails, propõe uma abordagem radicalmente diferente: o "Getting Real". Esta filosofia é descrita como uma maneira menor, mais rápida e melhor de construir software. Em sua essência, trata-se de pular o "faz de conta" – gráficos, diagramas, wireframes detalhados – e focar na construção da "coisa real".

A proposta central do Getting Real é a redução em todas as frentes: menos volume, menos software, menos funcionalidades, menos papelada, menos de tudo o que não é essencial. É um convite para permanecer pequeno e ser ágil, adaptando-se constantemente às necessidades reais dos usuários. Os benefícios são claros: resultados superiores, pois você lida com os problemas reais em vez de apenas ideias abstratas sobre eles, e uma capacidade incrível de evoluir diariamente, algo inerente às aplicações web. Esqueça os longos cronogramas, especificações de fantasia e a necessidade de contratar dezenas de funcionários – Getting Real é o oposto.

Uma das pedras angulares dessa abordagem é "construir menos". Em vez de tentar superar a concorrência adicionando mais e mais recursos, a ideia é "subfazer" seus rivais, focando em resolver os problemas simples e deixando os complexos para os outros. Esta mentalidade de "menos é mais" se estende a tudo: menos recursos, menos opções/preferências, menos pessoas e estrutura corporativa, menos reuniões e abstrações, e menos promessas. Além disso, uma ótima maneira de começar é construir software para você mesmo, resolvendo seus próprios problemas; se você os tem, é provável que centenas de milhares de outras pessoas também os tenham, revelando um mercado orgânico e impulsionado pela paixão genuína.

No que tange ao financiamento e cronogramas, o Getting Real sugere que dinheiro externo deve ser o plano B. A autossuficiência financeira impõe restrições que, por sua vez, impulsionam a inovação e a criatividade. Em vez de desperdiçar tempo e dinheiro, a sabedoria aqui é fixar o tempo e o orçamento, mas flexibilizar o escopo. Isso significa que, se você não consegue encaixar tudo dentro do prazo e orçamento, você reduz o escopo das funcionalidades, e não expande o tempo ou o dinheiro. É melhor entregar "metade de um produto, e não um produto malfeito pela metade". Essa mentalidade força a priorização do que é verdadeiramente importante para a versão inicial.

Um produto forte tem uma visão clara e "toma partido". Definir explicitamente uma visão concisa de um único ponto para seu aplicativo – o que ele realmente representa e o que o diferencia – guiará todas as suas decisões. Essa postura se reflete em software "opinativo", que não tenta ser tudo para todos, mas sim oferece uma abordagem e uma visão distintas, atraindo clientes que se alinham a essa perspectiva. A ideia é que o melhor software tem uma visão e um ponto de vista claros.

A seleção de recursos é igualmente rigorosa. A regra de ouro é: "Não importa" e "Comece com não". Muitos recursos solicitados simplesmente não são essenciais e podem adicionar complexidade e custos ocultos sem agregar valor real. A Basecamp sugere que você deve fazer cada recurso "lutar" para ser implementado, provando seu valor. A resposta inicial a qualquer solicitação de recurso deve ser "agora não", e apenas se a solicitação continuar voltando, deve-se considerar seriamente a implementação.

O processo de desenvolvimento também é invertido. A prioridade máxima é "correr para um software funcionando". Isso significa ir rapidamente da ideia para esboços em papel (rápidos, sujos e baratos), depois para telas HTML reais e, só então, para a codificação. A razão? Software real e funcional oferece um entendimento muito mais preciso do que apenas documentos ou wireframes. Além disso, o Getting Real defende o design de interface primeiro, pois a interface é o produto que as pessoas veem e usam, e é mais barata e fácil de mudar do que o código.

Em termos de organização, a filosofia é sobre reduzir a "massa" para aumentar a agilidade e o custo de mudança. Isso significa evitar contratos de longo prazo, excesso de pessoal, decisões permanentes e, crucialmente, reuniões tóxicas que fragmentam o dia de trabalho e produzem pouca informação útil. A recomendação é contratar menos e contratar mais tarde, buscando indivíduos multifuncionais e "bem-arredondados" que possam se adaptar e aprender rapidamente, priorizando bons escritores, pois a escrita clara leva a um pensamento claro e a uma melhor comunicação.

Finalmente, a interação com o cliente é vista como uma parte intrínseca do desenvolvimento. A Basecamp defende que a equipe de desenvolvimento e design deve "sentir a dor" do cliente, respondendo diretamente aos e-mails de suporte para entender as frustrações e necessidades reais. É vital ter "tolerância zero para treinamento" – o produto deve ser tão intuitivo que não precise de manuais. Além disso, a comunicação rápida no suporte e a disposição de publicizar erros constroem confiança, embora a "dureza no amor" seja necessária para dizer não a recursos que não se alinham com a visão do produto.

Após o lançamento, o compromisso não termina. O Getting Real incentiva uma "sintonia de um mês" e a manutenção de um blog de desenvolvimento de produto para mostrar que o aplicativo está vivo, ouvindo o feedback e evoluindo constantemente. A mentalidade é de "melhor, não beta", assumindo a responsabilidade por cada lançamento e priorizando os bugs com base no impacto. É uma abordagem que valoriza a execução, a paixão da equipe e a capacidade de se adaptar, permitindo que as empresas prosperem em um ambiente digital em constante mudança.